11 meses. 11 meses, mas parece que foi ontem. Há 11 meses só não morro de saudade porque não se morre disso. Há anos descobri que não se morre de certas dores… E foi aí que também descobri a necessidade de suportá-las. Há mais de 11 meses a vida era melhor.

Há algum tempo eu decidi focar na celebração do dia do seu aniversário. Mas a cada mês, no dia 29, como não falar de você? Como não falar para você? A cada dia 29 eu me rendo a dor que, nos outros dias, eu não conto para mim mesma. Hoje eu contei. Hoje eu ouvi todos os seus áudios.

O mundo está em isolamento e é engraçado como não tenho sentido tanto o sufoco do isolamento, muito embora, pelas notícias, olho ao redor e sinto uma tristeza… Tristeza pela dor alheia que é minha também. Mas hoje, interrogando-me a respeito de meu próprio isolamento, eu entendi. Entendi que há 11 meses estou em isolamento. E tenho compreendido melhor o luto… Luto. Do verbo lutar, primeira pessoa do singular, tempo presente do indicativo. Eu luto. Eu luto? Eu me silencio, da boca pra fora. Choro. Aprender a conviver com a falta de alguém é atravessar sozinho um deserto… O luto é solitário. E por vários motivos. É solitário porque raramente alguém encontrará ocasião para perguntar como está sendo pra você este trabalho árduo e delicado e feito a mão e tripas e coração. Para perceber certas dores alheias, é preciso ter passado por elas, é preciso já ter estado naquele lugar que agora o outro ocupa. O luto é também solitário porque só você pode realizá-lo.

Há 11 meses tenho encontrado na escrita companhia. A escrita me autoriza e eu escrevo porque é da ordem da necessidade. O autor explicou que a escrita é ferramenta que permite comunicar-se com quem está longe. Então eu escrevo. Eu escrevo e escrevendo eu vou comunicando, vou comunicando a minha falta, uma queixa, esta dor. Escrevendo eu me comunico com você. Que é quem dá sentido à minha escrita. É você quem me inspira a vontade de escrever essas coisas e que me coloca em contato com o melhor de mim.

Há 11 meses, o mundo acabava… E recomeçava. E é coragem que a vida pede. Mas hoje, só hoje, a tristeza é bem vinda, o choro é liberto, a ausência é presença.

4 respostas para “”

  1. Emocionante! Sua escrita é/está incrível! Alguém muito especial te inspira e acredito que também se emociona a cada escrita/comunicação.
    O processo é solitário, muito obrigada por compartilhar algo tão genuíno…
    Você é pura luz! ❤

    Curtido por 1 pessoa

    1. Minha Friend querida, obrigada pelas palavras … Que bom que você gosta … É curiosa essa coisa de escrever e dar a ler … Nunca sabemos como será recebida. Então se você diz que recebeu e leu e gostou, eu fico feliz. Eu sei que você também gosta das palavras escritas… E faço aqui um convite/desafio: quem sabe você não me envia um dos seus escritos? Eu adoraria ler e compartilhá-lo aqui neste espaço do blog. O que me diz? 😉

      Curtir

Deixe um comentário